Locais de Interesse

Forte da feira

A Malveira nas Linhas de Torres

Para proteger Lisboa da 3ª Invasão Napoleónica, as forças anglo-lusas estabeleceram em torno da capital do reino um sistema defensivo estruturado que incluía duas linhas defensivas ligando o Oceano Atlântico ao Rio Tejo, num total de 152 obras militares edificadas entre 1809 e 1811.

O Forte da Feira encontra-se inserido na segunda Linha Defensiva, integrando-se num núcleo das Linhas onde se regista um dos mais elevados número de redutos, posicionados para defender as estradas Torres – Lisboa; Mafra – Lisboa.

Localizando-se na Vila da Malveira, o Forte da Malveira assumiu o nome da feira instituída por D. Maria I em 25 de Março de 1783.

Aquando da construção do Forte da Feira o núcleo urbano estaria restrito a uma área junto da capela de Nossa Senhora dos Remédios, mas a área anexa ao local onde se implantou o forte era recorrentemente frequentada para a referida feira.

Este reduto encontrava-se munido de 4 bocas-de-fogo e com uma guarnição de 350 homens.

O projecto de recuperação do Forte da Feira

A recuperação do Forte da Feira decorreu de um projecto intermunicipal para a investigação, valorização e divulgação das Linhas de Torres, promovido pela Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres, com financiamento do Mecanismo Financeiro Espaço Económico Europeu (Noruega, Islândia e Liechestein) e colaboração do Exército Português.

Este projecto promovido pela Câmara Municipal de Mafra, apresenta as seguintes fases:

  1. Investigação: realização de estudos históricos e arqueológicos, destacando-se a execução de campanhas de escavação arqueológica. Participam nos trabalhos estudantes da licenciatura, mestrado e doutoramento em Arqueologia (Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa), bem como jovens concelhios integrados em programas de ocupação de tempos livres.
  2. Tratamento do coberto vegetal: Acções de desmatagem e tratamento do coberto vegetal.
  3. Conservação e restauro: Recuperação dos principais elementos do forte, com acções de conservação e restauro.
  4. Equipamento de apoio ao visitante: Criação de circuito autónomo de visita, com áreas de circulação e sinalética.

A Junta de Freguesia da Malveira apoiou estes trabalhos ao nível logístico e com a colaboração de funcionários nos trabalhos de escavação e na desmatagem, com o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Mafra.

Trabalhos arqueológicos

Os trabalhos de escavação incidiram sobre 5 sectores distintos, para uma correcta caracterização dos vestígios patrimoniais, apresentando-se os principais resultados:

  1. Entrada
    A entrada do Forte era protegida por construções em terra, configurando um cotovelo. Foram definidas as estruturas e foi encontrada uma paliçada em madeira completamente inédita!
  2. Canhoneira
    No Forte da Feira estavam documentadas 6 canhoneiras, aberturas na muralha de terra onde eram colocadas as peças de artilharia. Com as escavações foi possível identificar um sistema de protecção em pedra e a base de sustentação de um estrado em madeira!
  3. Paiol
    Os trabalhos de escavação no Paiol trouxeram a maior das surpresas: a identificação de um complexo sistema de construção subterrâneo, completamente oculto por derrubes de terra que os anos fizeram acumular.

A População da Malveira e o público em geral poderá visitar este local.

Fase de Conclusão

As escavações arqueológicas
As escavações arqueológicas foram concluídas a 17 de Abril de 2011, com surpresas até ao final. Foi possível escavar integralmente o paiol, tendo surgido novos elementos que permitiram reconstituir a cobertura do paiol.
Foram também encontradas as estruturas subterrâneas que permitiam drenar a água do interior do paiol, mantendo os níveis de humidade.

O restauro e as estruturas de apoio ao visitante
De Fevereiro a Abril decorreu a fase de restauro das estruturas arqueológicas identificadas, procedendo-se à limpeza, consolidação e reintegração de alguns elementos.
Estas acções permitirão a conservação destas estruturas e tornam possível uma melhor compreensão dos vestígios arqueológicos.

Colaboração da equipa da Junta
A Junta de Freguesia da Malveira colaborou nas diversas fases deste projecto.