Locais de Interesse

Igrejas Históricas

Ermida de Nossa Senhora dos Remédios (Malveira)

Edificada a meia encosta do Monte de Stª Maria, a construção da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios foi autorizada pelo primeiro patriarca de Lisboa, D. Thomaz de Almeida em sua provisão dada em Lisboa no dia 8 de Maio de 1723 sendo que os custos da edificação seriam suportados pela população da Malveira que tal havia solicitado.

Desconhece-se, em concreto, a data da construção. Há, porém referências a datas díspares que permitem deduzir ter a sua construção sido efectuada por fases, provavelmente em função das disponibilidades do momento. Por exemplo, enquanto no cruzeiro está gravada a data de 1771, no interior da parede da sacristia está referido o ano de 1863.

No que concerne à decoração do interior, de referir a existência de vários painéis de azulejos com pinturas de excelente qualidade, embora se desconheça o nome do autor.
Em cada uma das paredes laterais encontram-se quatro painéis entre os quais a representação do casamento da Virgem Maria e S. José, São João baptizando Jesus Cristo, São Miguel e as almas, a Anunciação e a Assumpção.

Ermida de S. António (Carrasqueira)

Desconhecendo-se, com exactidão, a data da sua construção ou inauguração, é seguro que tal aconteceu antes de 1709, presumindo-se que tenha sido erigida no final do século XVII, tendo em conta a demora na conclusão de obras deste tipo que se verificava naquele tempo. Não é de excluir, no entanto, que tal tenha acontecido nos primeiros anos do século XVIII sendo que, de qualquer modo, a Ermida de Stº António, na Carrasqueira, existe há mais de trezentos anos.

Foi construída, como é referido na edição “Chronicas da ordem dos padres menores do seraphico padre Sam Francisco. Primeira parte. Lisboa 1615” (ordem a que pertenceu santo António cujo nome viria a ser-lhe atribuído), tendo em conta “a aspereza e pobreza da regra da ordem dos frades menores do seraphico padre S. Francisco”. De notar que a publicação referida não se relaciona, concretamente, com a Ermida de Santo António mas caracteriza as dificuldades porque passava aquela Ordem.

Devemos, no entanto destacar, pela sua importância e significado, a existência de dois paineis de azulejos nas paredes laterais junto ao único altar da ermida, representando actos atribuídos à vida de Santo António: “A mula recusando a comida e prostrando-se perante S.S. ... “ e “pregando aos peixes, já que os homens o não queriam ouvir”.

Igreja Paroquial de São Miguel (Alcainça)

Em 1946, o pórtico da Igreja Paroquial foi classificado como Monumento Nacional.

Este templo, um dos mais antigos do concelho de Mafra, terá sido edificado por volta do século XIV, mediante o patrocínio do Padre Vicente Anes Fróis. e é praticamente contemporâneo das actuais configurações de Santo André de Mafra (atribuível às décadas de trinta e quarenta do século XIV) e da Igreja Paroquial de Cheleiros (atyribuível aos primeiros anos do século XIV).

Apesar desta antiguidade, o actual templo não apresenta quaisquer vestígios deste período, em grande parte devido às sucessivas reformulações a que foi sujeito.

Na actualidade, apenas uma capela lateral, de índole funerária, pode ser atribuida ao período medieval, mais concretamente ao ano de 1401, segundo uma inscrição seiscentista conservada na parede. Trata-se claro da capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Esta apresenta um revestimento azulejar seiscentista, um retábulo de talha dourada enquadrado no barroco, um portal de acesso, de arco quebrado, e dosi túmulos adossados à parede lateral, de arca lisa e perfil trapezoidal, um dos quais contendo uma legenda epigrafada alusiva ao instituidor da capela.

Na época moderna, foram muitas as alterações efectuadas no templo, que desfiguraram, por completo, a sua traça original.

No período medieval actualizou-se em particular os elementos de uso litúrgico, nomeadamente a pia baptismal oitavada e a pia de água benta. Estas duas pias são testemunhas fundamentais da importância atribuída pela campanha de obras executada em inícios do século XVI àq actualização dos principais aspectos devocionais do edifício.

Mas as obras mais importantes aconteceram durante o período barroco. Estas consistiram fundamentalmente na execução do revestimento parietal azulejar, de padrão geométrico e vegetalista; na redefinição de todo o espaço interior, inclusive do retábulo-mor definido por pilastras que encimam um frontão triangular, e ladeado por dois nichos de arco de volta perfeita; e na execução da fachada principal, com o seu portal recto sobrepujado por um janelão rectangular.

No exterior, adossada À frontaria pelo lado norte, conserva-se uma torre sineira de scção quadrangular, cujos arcos sineiros estão a pleno centro.

Outra obra importante terá sido o arco triunfal, cuja construção se documentaa partir de 1763, ano em que um visitador pediu aos "administradores das Confrarias" que ajudassem "a fazer o arco da capela-mor, mais levantado e de lioz".

A campanha pós-terramoto pautou-se por uma clara economia de meios.

In "Mafra Memórias, Identidades e Inovação..." Héstia Editores, Página 81.

Capela do Espírito Santo (Alcainça)

A Capela do Espírito Santo, tem o principal elemento de destaque no portal manuelino. A data de fundação da capela original é desconhecida, mas coloca-se a hipótese de ter sido durante o século XVI, dado a presença de alguns elementos manuelinos (nomedamente o portal e o arco triunfal).

Em 1755, um terramoto fez ruir esta construção, tendo sido posteriormente reconstruída. Esta capela apesar de ser uma construção posterior integra o portal primitivo, um exemplar típico do manuelino.

É um portal rematado em arco contracurvado rebaixado, constituído por quatro segmentos torsos sobrepostos, e decorado em tom feérico. Nas suas ombreiras assentes sobre altas bases duplas de scção oitavada com decoração geometrizante, erguem-se dois colunelos torsos servindo de moldura exterior, que sobem até aos capitéis duplos, cuja temática é vegetalista, e se prolongam pela fachada até à altura do festão que o remata. Por dentro, os pés-direitos são rematados por colunelos lisos assentes nas mesmas bases. Os remates dos vários elementos incluem festões, cogulhos, pináculos torsos e rosetas. As ombreiras são secoradas com rosetões e alguma fauna, sendo esta composta por um curioso macaco no pé-direito do lado esquerdo, e um pássaro de talhe gordo no intradorso do carco. A estes motivos juntam-se uma outra representação de uma ave (agora a devorar ou a transportar algo no bico), de um peixe, ambos no extradorso do arco. Estes dois motivos enquadram uma cruz da Ordem de Cristo e um escudo de Portugal.

Está classificada como Imóvel de Interesse Público.

Durante muitos anos já funcionou nesta Capela a escola primária.

No largo fronteiro à Capela do Espírito Santo e à Igreja de São Miguel encontra-se o antigo relógio de sol, e que pelo que sabemos é único no concelho de Mafra.

In "Mafra Memórias, Identidades e Inovação..." Héstia Editores, Página 81 e 82.