Malveira

Malveira - Origens

A escassez de informação não permite avaliar com precisão a origem da Malveira mas, considerando alguns elementos disponíveis, é legítimo presumir que seja nos primórdios da portugalidade.

Em meados do século XVIII foram encontrados, em escavações feitas em zona geográfica do actual concelho de Mafra, cemitérios e outros indícios da presença dos Romanos neste território. Na Malveira, “…em terra de lavradio denominada o Portancho, junto à estrada distrital 85-A, foi encontrada uma moeda romana…”

O conhecimento histórico de terem os romanos povoado a península ibérica e o aparecimento de cemitérios e moedas romanas em achado arqueológico nesta zona geográfica, pressupõe a sua provável vivência neste território e consequente constatação de ter sido a, hoje, Malveira, habitada vários séculos atrás, mesmo antes do início da portugalidade.

Mas outras moedas de origem diferente foram encontradas na mesma zona geográfica, fortalecendo a convicção de ser este um espaço de habitação em continuidade.

Entre elas, o autor da obra de pesquisa histórica, ORIGENS DAS REGIÕES, senhor VALDÊZ – que viveu na Malveira, bem como seus descendentes – realizada ainda no século XIX (previsivelmente concluída no ano de 1896), possuía três encontradas “em terras da Malveira” sendo uma delas a moeda romana atrás referida e as outras duas, do período monárquico.


Seu nome... Malveira

Para concretizar o cerco e conquista de Lisboa em Outubro de 1147, D. Afonso Henriques contou com fiéis colaboradores aos quais, como recompensa, distribuiu territórios. Entre estes encontrava-se D. Guilherme de Licorne e seu irmão D. Roberto de Licorne. Após o falecimento do irmão, que não deixou descendência, D. Roberto herdou o domínio senhorial dos seus territórios que transitariam, por herança, para os seus descendentes…

Entre estes, encontrava-se D. Catarina Domingues, irmã de Vicente Domingues Franco, ambos filhos de Domingos Gonçalves Franco, alcaide-mor da vila de Atouguia e neto de D. Roberto de Licorne.

Do casamento de D. Catarina com João Froes, descendente da família real do reino de Leão resultou o nascimento de cinco filhos, Joanne, Domingos, Clara, Catharina e Gracia.

D. Gracia, nascida em Torres Vedras era uma mulher de rara beleza por quem D. Dinis se apaixonou e de quem teve um filho, Pedro Affonso, a quem seu pai atribuiu o título de Conde de Barcelos e importante cargo no reino. Deste amoroso relacionamento beneficiou D. Grácia de muitas e importantes mercês que contribuíram para o seu enorme pecúlio. Parte significativa desse pecúlio viria a pertencer, por herança, a seu sobrinho Vicente Annes Froes (filho de seu irmão Joanne) prior de Santa Maria de Cheleiros e capelão de seu primo D. Pedro conde de Barcelos.

Do vasto património que possuía, Vicente Annes Froes, legou parte importante à instituição da capela de S. Silvestre na igreja paroquial de S. Miguel de Alcainça onde, tal como seu pai, seria sepultado. Entre esses haveres encontravam-se os “Casaes da Costa da Malveira”, denominação de origem de MALVEIRA.

Assim se entende a permanência da Malveira como parte da freguesia de S. Miguel de Alcainça quando esta foi instituída na organização administrativa do país.

Estando a Malveira situada, geograficamente, num local privilegiado ficou, naturalmente, no centro da estrada nacional construída entre Lisboa e Torres Vedras e ponto de ligação desta com a comarca de Mafra. Posteriormente, com a criação da linha de caminhos de ferro do Oeste, tornou-se a estação da Malveira um ponto de referência desta linha.

A posição central da Malveira mostrou-se atractiva para os agricultores e criadores de gado comercializarem as suas produções que, no fim, eram elemento importante na alimentação da população da capital tornando-se, por isso, conhecida como capital da região saloia.

Como consequência D. Maria I viria a autorizar, por provisão de 14 de Dezembro de 1782 a realização da feira anual da Malveira que passaria, posteriormente a realizar-se também, semanalmente, à quinta-feira.

O êxito da feira da Malveira despertaria o despeito de terras ribatejanas que pretendiam a transferência da feira para uma localidade da sua região mas o nível atingido na Malveira viria a impedir as autoridades do reino de validarem tal pretensão.

Também a nível do concelho de Mafra se verificaram desigualdades de tratamento que prejudicariam a Malveira e, consequentemente, a freguesia de S. Miguel de Alcainça à qual a Malveira pertenceu até 1923, ano em que, pelo Dec.Lei nº 1427 de 28 de Maio seria elevada a freguesia.

Livros de interesse da Freguesia e da Malveira: (formato PDF)